NÃO CORRA RISCOS, SEJA SEDENTÁRIO 2: Cruzada Para Cristo

Depois
de muitos planejamentos fracassados, certo dia decidi que havia chegado a hora
de encarar o inimigo. Segui corretamente as instruções do manual de tortura e
me lancei rumo àquela zona de perigo. Mas quando dei o primeiro passo fora de
casa vi meu vizinho correndo desesperado na minha direção. Apressado me disse
que a praça estava cheia de pastores fazendo uma cruzada para Cristo e que era
pra mim não pisar lá porque iria me dá mal. Pensei, não faz sentido tanta aflição
por causa de uma cruzada para Cristo?
Falei
pra ele que não havia entendido o motivo de tanta agonia. Ele me falou com
certa rispidez que havia me dado um conselho, mas se eu quisesse prosseguir o
problema era meu.
Insisti
que não estava entendendo. Só então ele parou para me contar os detalhes. Falou
que fazia sua tradicional corrida na praça quando de repente apareceu um
pregador lhe pedindo cinco minutos para Jesus.
Ele
pensou, se é para Jesus pode ser até dez. Então resolveu parar para ouvir o que
tinham pra dizer e em apenas cinco minutos: chorou feito um bezerro desmamado,
ouvindo cânticos que retratavam o sofrimento de Jesus na cruz, pagou 10% de
tudo que havia ganhado, retroativo a todos os meses do ano e estavam em novembro;
comprou uma série de artefatos sagrados: uma caixa de fósforo com dois palitos
que foram usados para acender as velas da Santa Ceia. Comprou 20 CDs e 120 DVDs
que narravam a vida de Cristo desde o momento em que Deus pensou em enviá-lo ao
mundo à sua ressurreição.
Mas
o que mais lhe chamou à atenção foi a série de milagres proferidos por seus
representantes: mansões em paraísos fiscais, malas cheias de dinheiro, carros
importados, canais e rede de televisão e o maior de todos os milagres fazer milhares
de pessoas lhes entregarem 10% do que possuem acreditando que estão dando para
Deus. Algo que nem o mais poderoso faraó do Egito conseguiu.
Depois
de ouvir tudo que ele disse pensei e os flamenguistas como é que vou
sacanea-los? Já havia postado mais de 20 mensagens no Facebook, mas não era a
mesma coisa que encontrar pessoalmente. Então só me restava uma última
alternativa, perguntar, e foi o que fiz, cheguei perto dele e perguntei:

Por acaso você viu algum flamenguista por lá?
Ele
me respondeu:

Não vi ninguém, todos que estavam lá usavam vestimentas dos cavaleiros dos
templários com uma grande cruz de malta na frente e outra atrás.
Respirei
aliviado e fui dormir.

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