A Semente

Do Livro de Crônicas – Além das Tempestades

NO PRINCÍPIO A DESCOBERTA

No início, éramos poucos e vivíamos com folga dentro de uma caverna. Assim como a lagarta repousa em seu casulo e como a semente se deleita no abismo absoluto para germinar, nós também repousamos por bons longos anos…
DEPOIS A CONQUISTA DA ESPERANÇA
Como as lagartas, ao se tornarem borboletas, abandonam seu repouso e se lançam com asas bem abertas para o mais longe que podem dos seus casulos, nós também tivemos que abandonar o aconchego das lapas e o consolo dos alvéolos. Mas ao contrário das sementes, não nos apoderamos dos nossos abismos para nos tornarmos mais fortes. E ao oposto dos lepidópteros, nossas asas ruflaram descompassadas, por isso subimos em contínuos retrocessos a cratera do abismo… Por isso ainda não conseguimos ultrapassar as amarras que nos mantêm presos aos nossos medos.

EM SEGUIDA A CONQUISTA DA LIBERDADE

Os ventos da liberdade, pelos quais a alma humana tanto implora ainda não nos revelaram suas faces…

Continuamos conformados com a ignorância que nos torna capazes de destruir, errar e permanecer no erro.

Ainda não alcançamos a sapiência que pelo menos nos tirasse do berçário. Nossos olhos continuam vedados como os dos felinos nos primeiros dias pós-útero.

Precisamos urgentemente deixar nosso estágio embrionário, germinarmos, sairmos do marasmo em que nos metemos e construirmos muito mais do que destruímos.

Há quem diga que a possibilidade de algo melhor nos dias atuais e no futuro é mera utopia, como se não fosse possível ao ser humano viver sem a constante destruição a tudo que o cerca… Como se o ser humano fosse incapaz de manifestar bondade e sentir o belo como uma dádiva…

Merecemos os estigmas que nos afligem pela imensa maldade que temos semeado, mas o reino que herdamos ainda não foi totalmente destruído.

Quando um vaso quebra, independentemente de quantas partes se divida, desde que sobreviva sua matéria, sempre existirá a possibilidade de consertá-lo, a quantidade de partes divididas determinará o tamanho do esforço a ser empreendido. Mas nenhum esforço será empregado em algo sem valor, portanto quanto mais estima tivermos pelo vaso quebrado, maior zelo teremos na reposição das peças.

As forças malignas têm imperado nos desígnios humanos. Fazer o mal é banal desde nossos primórdios mais remotos, e mesmo não respondendo de forma positiva às nossas necessidades, nos mantivemos tímidos às manifestações do bem por um tempo demasiadamente longo.

Precisamos renascer para a claridade do mundo novo que estamos triunfando. E com a alma renovada, despida dos vícios que têm nos mantido torturados em vis cativeiros, digamos sim à liberdade… Unamos nossas forças e reergamos o império soberano do amor maior que nos torna filhos de Deus.

Precisamos urgentemente trocar os belos discursos pelas ações, falar e não se comprometer a fazer é tão maléfico quanto à passividade…

O mundo novo espera novas sementes e esta é a grande época da semeadura.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *