“Quando eu era criança aprendi que quando as andorinhas voavam em bando fazendo círculo sobre a igreja matriz, da pequena cidade onde nasci, elas estavam fazendo a dança do inverno. Hoje sempre que sinto a chegada, ou ouço falar em inverno lembro-me das andorinhas”. (Arrezeb Xam)
Não sei com certeza se já houve algum período da História da humanidade em que tanta gente, em tantos lugares, lamentou tanto a falta de tempo como no momento atual.
Sei apenas que, ironicamente, vivemos o avesso do imaginado por aqueles que apostaram na tecnologia da produção, como fomentadora da sobra de tempo para outras necessidades, além do trabalho; como por exemplo: tempo para a família, lazer, saúde, enfim, para ser feliz.
Hoje produzimos mais que o dobro, em todos os setores, do que as gerações que nos antecederam, mas onde foi parar aquele tempo em que a geração dos nossos pais utilizava para: conversar na porta das casas, visitar parentes e amigos, fazer festas de aniversário, fazer pamonhas e cuidar dos filhos?
No tempo de hoje é somente a escola quem educa; é a empregada doméstica quem cuida dos filhos dos outros; é o (a) ginecologista e o (a) psicólogo (a) quem orientam quanto ao que é certo e o que é errado; o lazer vem da televisão; o alimento vem dos restaurantes e lanchonetes; por a conversa em dia somente por telefone e internet… Na sociedade de hoje tudo tem seu lugar no seu espaço e no seu tempo, e eu pergunto onde está o lugar dos pais?
Há algum tempo atrás quando o adolescente, ou o jovem cometia algum erro eram os pais quem assumiam a total responsabilidade e hoje quando isso acontece a responsabilidade é de quem? – dos ginecologistas, dos psicólogos dos professores, dos veículos de comunicação, ou apenas do infrator?
No tempo de hoje as grandes novidades pairam no estímulo ao consumo. O roteiro das propagandas que dominam os principais veículos de comunicação agrega: o ideal de consumo à felicidade; o riso e a sensação de bem estar ao tempo presente, alheio a qualquer outro período vivido. Como se o passado fosse algo tão ultrapassado e ruim que não merecesse ser lembrado e que somente consumindo tais produtos existisse possibilidade de ser feliz.
Um dos grandes desafios da educação na atualidade é transformar o período escolar em algo atrativo e prazeroso. Uma alternativa poderia ser aprendida com o passado quando alunos e professores, no período das férias, sentiam saudades da escola.
Será possível, hoje, fazer com que a sala de aula se torne tão atrativa quanto uma Lan House, em que até os alunos menos abastados de capital são capazes de gastar seus únicos trocados para poder usufruir o que ela lhe oferta?
Será possível tornar as aulas tão prazerosas e tão fascinantes quanto aos jogos dos Games e navegação pela internet, que por serem tão interessantes fazem com que seus usuários, em sua maioria alunos da educação básica, se sintam tão maravilhados diante de uma tela que são capazes de passar horas sentados em cadeiras desconfortáveis, muitas vezes, como as das escolas; sem emitir nenhum sinal de insatisfação?
No tempo de hoje educar é uma obrigação e se transformou em objeto de lei… No tempo em que eu contemplava as andorinhas não havia tanto rigor na lei que me concedia direito de estudar, mesmo assim dia após dia eu, meus irmãos e amigos íamos brincando para a escola e o que vivíamos lá era tão bom que no período das férias morríamos de saudade de voltarmos para ela.