NA RUA DA MINHA CASA

Na rua da minha casa tinha um
ferreiro que trabalhava numa tapera de palha de paredes cheias de buracos. A
velha tapera era toda de palha e pau a pique. Donde dia após dia ouvia-se o
tinir dos ferros se chocando.
Dentro dela havia pedaços de
ferro espalhados por todos os lados, um fogão de barro que permanecia em chamas
durante as horas de trabalho.
Naquela velha tapera não
havia lugar para mais ninguém além do fogo, do ferro e do ferreiro.
Naquele minúsculo espaço o
fogo e a imaginação transformavam aquele amontoado de ferro em obras de arte a
gosto do freguês.
Hoje tenho aquelas batidas
contínuas como passos saudosos da minha infância correndo atrás de uma bola.
Hoje compreendo que naquelas intermináveis
batidas a arte ganhava vida e a minha infância uma guarida.
Quando lembro da rua da minha
casa a imaginação que povoa a minha infância de asas sempre me leva de volta
para a velha tapera onde o fogo e o ferreiro a cada dia esculpiam uma nova obra
de arte.

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