HÁ POUCO TEMPO ATRÁS


Há pouco tempo minhas
sandálias viviam num canto distante dos meus pés. A maciez das areias, as dores
nas pedras e os espinhos que aqui e ali apareciam no caminho alimentavam as
alegrias de caminhar naquelas estradas.
Há pouco tempo havia
matas verdes, cocos no chão, macaúbas, cajás e muricis naquelas estradas por onde
eu andava de pés descalços.
Há pouco tempo o aroma
das rosas, o canto dos pássaros, o voo das abelhas, o balé do beija-flor
encantava meus olhos e embalava os meus sonhos. Não havia dúvidas de que era
para sempre.

Hoje escrevo tudo no
grande muro da saudade: cada detalhe uma lembrança, a magia contagiante do riso
de uma criança que ontem tinha alguém pra chamar de mãe.

Hoje uma grande tempestade no vai e vem dessa
cidade que me acorda e me faz dormir com a mesma intensidade.

Hoje os dissabores e
as saudades de um tempo em que andava descalço, colecionava búzios e semeava
esperança continuam aqui dentro quando meu olhar no centro insiste em amar o
teu sorriso.

Há pouco tempo vivia
em constelação, a minha estrela era brilhante, e eu voava… Ah! Como voava
naquela magia estonteante, como um cavaleiro errante que procurava doravante um
amor pra vida inteira.

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