A FLOR VIOLADA

O Que mais
me chamou a atenção nas diversas discussões e manifestações que marcaram o dia 08 de março
deste ano foi o fato da temática violência doméstica ter sido o principal
assunto em pauta.

Fazendo uma
breve reflexão sobre este assunto lembrei-me da primeira e única vez que vi um marido
agredir a esposa. Os protagonistas foram meus vizinhos que por mais de uma década,
moraram em frente à minha casa. 

Lembro que a achava aquela mulher linda e singela como uma
flor. Na época eu
devia ter entre sete e nove anos. O incrível foi a precisão dos detalhes
daquele momento inesquecível.


Hoje quando
vejo as discussões em torno da lei Maria da Penha sempre lembro aquela História passada quando a
socos e pontapés eu via uma flor violada.

Hoje quando
leio sobre a campanha dos apitos das mulheres de Pernambuco  denunciando uma agressão me sinto movido por uma grande esperança.

Voltando ao passado lembro que
naquele tempo se dizia que em briga de marido e mulher ninguém devia meter a
colher. O incrível foi que os filhos assistiram tudo e ninguém fez nada para
impedir.


Hoje
compreendo que numa briga os adversários estão em pé de igualdade na força e no
poder, mas o que eu vi naquela História passada era apenas um batendo e o outro
sem poder fazer nada.
Hoje a série
de articulações que marcam o posicionamento das mulheres contra seus agressores
é algo que me deixa pasmo. Por diversas vezes já me peguei perguntando, por que
tudo isso? Mas, sei muito bem que sem todo esse aparato nossa sociedade corre o
risco de perpetuar uma cultura do mal que muito tem ferido quem deveria ser
amado.

O que me
deixa mais abismado é saber que os agressores são aqueles a quem elas ajudam
diariamente, seja como amante na cama, seja cuidando do seu bem-estar com
roupas limpas, alimentação e companheirismo. E o que recebem como recompensa?

 
Não consigo
entender como um homem pode se achar no direito de agredir sua companheira. E
pelo que vi nas estatísticas o índice continua muito alto em pleno século XXI.

Que exemplo
um agressor pode dar aos seus filhos e filhas?

Que
recompensa espera um agressor depois de sua maior manifestação de poder?

Que resposta
a sociedade deve dar ao ódio e à violência contra a mulher?

São
perguntas que não me saem da cabeça, mesmo quando sei que a atitude é uma resposta.

Hoje
acredito que todos devem repudiar a brutalidade de cenas como daquela História
passada… Quando a socos e pontapés eu vi uma flor violada.

2 comentários em “A FLOR VIOLADA”

  1. Max,
    sua reflexão foi muito tocante, a visão de uma criança inocente que já discerniu o desrespeito, a incoerência e a desigualdade de "força".
    Imagino quantos homens construíram-se com exemplos iguais a esse e continuam a ignorância banalmente; concordo com você!! tá na hora de mudar o tema, vamos plantar e cultivar as flores em nossa sociedade.
    Abraço forte!!!!!!!!!

  2. Max, muito boa a reflexão. É da infância que carregamos as grandes e marcantes lembranças.

    Infelizmente, em nosso país a violência de todas as formas, contra as mulheres, mas principalmente a física, é um tema que cada vez precisa ser mais discutido e debatido. E mais, é preciso de políticas que possam além de atender a mulher vítima de agressão atender também o agressor. O machismo é a grande razão da violência contra as mulheres, é quando o homem acredita que ele tem o domínio e é portanto dono daquele corpo.

    Fico feliz em ver as inúmeras manifestações e organizações de mulheres lutando pelos seus direitos de igualdade. Tem um lema no movimento feminista que diz: mexeu com uma, mexeu com todas. E é por isso que quando acontece algo em PE, na BA, como por exemplo o estupro coletivo de duas adolescentes, nós não nos calamos. Colocamos a boca no mundo.

    Forte abraço!! =]

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *