FORA IMPOSTOR FELICIANO

Tenho acompanhado a grande
movimentação que tem gerado a eleição do Pastor Marcos Feliciano para a
presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias na Câmara dos Deputados.
Depois de ler, ouvir e refletir
muito resolvi me manifestar. É muito claro para todos nós que estamos empenhados
na luta por direitos civis no Brasil as consequências danosas que este fato
poderá trazer. Mas é preciso que o restante da população compreenda a
delicadeza desse fato.
Não é preciso lembrar que o
Brasil é um país que historicamente tem negado direitos à maioria de sua
população. Os mais de 300 (trezentos) anos de escravidão, o Estado Novo, a
ditadura militar e todo o histórico de exclusão social, cultural e econômico
continuam a provocar feridas profundas em nossa sociedade.
Depois de superarmos alguns
atrasos danosos à História do povo brasileiro nos defrontamos com um fato novo
e não menos danoso do que os já citados, a perda da Comissão de Direitos
Humanos e Minorias na Câmara dos Deputados.
O grito de milhões que clamam
por direitos mínimos: laços matrimoniais, acesso à escola, moradia,
alimentação, transporte, terra entre outros; o caminho da justiça era o
principal elo e este foi quebrado. O caminho da justiça foi obstruído mais uma
vez. Uma trajetória semelhante ao processo que culminou no golpe de 1964 que
nos levou a duas décadas de terrorismo e de total violência aos direitos civis.
O momento é muito delicado.
Caminhamos para a constituição de uma sociedade ainda mais brutal do que a que
nos antecedeu. O fundamentalismo se expande em larga escala por todos os cantos
do país. Discursos cada vez mais inflamados e assassinatos de negros e gays
estão se multiplicando, basta olhar as estatísticas de violências para se
comprovar. O único recurso disponível para amenizar este processo era o da
política e este acaba de ser interrompido.
É preciso que o povo brasileiro
compreenda a gravidade do momento. A interrupção desse processo pode resultar
em danos irreparáveis à política e a todo o processo de democracia que vem
sendo construído a duras penas.
O que me deixa ainda mais
preocupado é que perdemos a comissão para o grupo opositor, fundamentalista e
contrário a tudo o que pleiteamos… Uma sociedade que respeita as diferenças.
Algo tão usurpador quanto à ditadura militar e comparável à ascensão Nazista na
Alemanha, que provocou um dos maiores genocídios étnicos da História da
Humanidade.
A sucessão na comissão seria
algo normal se quem a assumisse tivesse alguma História de luta ligada aos
motivos que a geraram. Mas o que se constata é que ela foi apropriada por um
grupo que sempre foi contra à sua existência.
Conclamo a todo o povo
brasileiro que repudiem a permanência desse impostor nesse cargo. Precisamos
intensificar as manifestações por todo o país. Não podemos deixar que eles
destruam tudo o que construímos até aqui.
O Fora Feliciano precisa ser
permanente até à sua saída. Não podemos recuar. Precisamos ver permanentes
manifestos em todos os Estados brasileiros enquanto ele estiver lá.
Não podemos deixar que eles nos
roubem este espaço. Nós já perdemos demais.
As comissões são formadas para
defenderem interesses específicos de parcelas da população. Nem ele nem seus
defensores se enquadram nas causas que a comissão defende. E nós que temos
trajetórias históricas nessa luta não queremos ser defendidos por ele, isso é
fato. NESSA COMISSÃO ELE NÃO PASSA DE UM IMPOSTOR.
Maximiano Bezerra: Interlocutor de Educação em Direitos Humanos,
membro do Fórum Permanente de Educação e Cultura Afro-brasileira do Tocantins.

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